BIBLIOTECA IJEP - ARTETERAPIA DE ABORDAGEM JUNGUIANA: ARTE NA ESCOLA COMO APOIO AO AUTOCONHECIMENTO DA CRIANÇA E UMA ESTRUTURAÇÃO PSÍQUICA SAUDÁVEL
Informações
LISIAN MIGLIORIN LASMAR
Data publicação
12/11/2021
Hastags #arteteraoia #jung #autoconhecimento
Resumo
O presente estudo aborda o uso da arte, pautada nos princípios da arteterapia
junguiana, e seu papel no contexto escolar como apoio ao autoconhecimento da
criança e uma estruturação psíquica saudável. A partir de uma pesquisa exploratória,
tendo como base a Psicologia Analítica e a Arteterapia Junguiana, descreve o
processo de desenvolvimento psíquico da criança como um emergir do inconsciente
coletivo. Ao nascer, a criança não apresenta um “eu” diferenciado. O Ego da criança
inicia sua formação nos primeiros meses de vida, a partir da relação primal e
determinante mãe-filho. Neste período, predomina uma identidade biopsíquica com a
mãe, em que o que é interno e externo não se diferenciam. A formação do Ego e da
sombra na criança acontecem de forma simultânea, sendo inevitável que se tenha um
“eu reprimido”, porém atuante, na forma de uma personalidade inferior. Nesse sentido,
é preciso evitar uma sobrecarga de convenções e julgamentos que acabam por
impedir que a individualidade floresça. O processo de desenvolvimento da
personalidade, iniciado na infância, demanda espaços e tempos em que a
singularidade da criança tenha oportunidades de emergir. Este estudo justifica-se pela
constatação de que hoje, por variados motivos, as crianças são inseridas no contexto
escolar cada vez mais cedo. A criança muito pequena, ainda sem um Ego estruturado,
já é separada da figura materna e exposta ao mundo de forma abrupta. Com esse
cenário em vista, o estudo teve como objetivo conhecer o processo de
desenvolvimento psíquico da criança na perspectiva Junguiana; entender como a arte,
como recurso expressivo e sem fins pedagógicos, nos espaços de educação formal,
pode ser um apoio ao desenvolvimento integral da criança, incluindo uma estruturação
psíquica saudável e, ainda, apresentar a técnica de “Criação Livre”, uma proposta de
utilização da arte como recurso expressivo em escolas. A partir desses objetivos,
busco responder à seguinte indagação: A função da arte na escola pode ser
ressignificada para que cumpra um papel além dos objetivos pedagógicos e tenha seu
potencial de expressão simbólica da criança valorizado, auxiliando-a no
autoconhecimento e no seu desenvolvimento integral, incluindo o psíquico? A arte
poderia ser, adicionalmente, um meio de escuta ativa das crianças pelos educadores,
que os levaria a um conhecimento mais profundo de cada uma delas? Apresento a
hipótese de que a utilização da arte sem fins pedagógicos, e sim como recurso
expressivo, em espaços de educação formal, pode auxiliar o processo de
autoconhecimento da criança e uma estruturação psíquica saudável. Adicionalmente,
a arte pode favorecer a escuta ativa das crianças pelos educadores, responsáveis
nesses espaços pelo seu desenvolvimento. Este estudo conclui que a arte, no
contexto escolar, observando os princípios da arterterapia, pode ser um caminho para
a construção desse espaço e desse novo olhar para a criança. Traz consigo, ainda, a
possibilidade de atuar como apoio à promoção de um desenvolvimento sadio do Ego,
ao potencializar a autoexpressão criativa.