BIBLIOTECA IJEP - INDIGE-NA-MENTE: MITOLOGIA INDÍGENA E A ALMA BRASILEIRA
Informações
DANIELA AIMAR EUZEBIO
Data publicação
23/06/2024
Hastags #povos originários #mitologia #indígenas #psicologia analítica #sombra coletiva
Resumo
Muito se lê, estuda e debate sobre os mitos principalmente gregos. Nós brasileiros os pesquisamos e os
utilizamos como referências e objetos de estudo em vários campos do saber. Porém existe uma espécie
de apagamento dos mitos indígenas, onde grande parte das pessoas os desconhecem. No campo
junguiano, onde o estudo da mitologia é tão cara e importante, existe um “excesso de Zeus” e um
“esquecimento de Nhanderú”, muita “Ariel” e pouca “Yara”. Como brasileiros, sofremos de uma
miopia acentuada em relação aos nossos próprios mitos. Este trabalho de pesquisa nos convida a
explorar o território dessa ignorância, questionando os preconceitos e estereótipos sobre nossa própria
ancestralidade. Através disso, buscamos resgatar as narrativas míticas indígenas como parte integrante
de nossa história e do processo de construção de identidade e interação à nossa alma brasileira. Com
todo direito, os mitos indígenas brasileiros podem e devem ser reconhecidos como parte das buscas
humanas universais e atemporais conhecimento, de comunicação entre inconsciente e consciência, de
diálogo com o mundo arquetípico do inconsciente coletivo. Estão dados, desse modo, os principais
objetivos deste trabalho de pesquisa, e o objeto de estudo é constituído pelo universo do pensamento
mítico brasileiro. Esta monografia tem como pergunta norteadora a seguitnte indagação: As mitologias
indígenas brasileiras, por meio de seus simbolismos profundos, contribuem para a produção humana
universal e atemporal do conhecimento, e de que maneira o acesso a essas narrativas pode facilitar a
interação com a alma brasileira, abrindo caminho para uma compreensão mais profunda e significativa
de nossa identidade cultural? A hipótese principal responde afirmativamente a essa demanda de
reconhecimento e de destruição da máquina que produz preconceitos, estereótipos e distintas formas de
invisibilização, além de propiciar maior aderência, reconhecimento e interação ao que Gambini
denomina de alma brasileira. O principal arcabouço teórico está centrado no estudo da obra de Carl
Gustav Jung e a visão da Psicologia Analítica dialoga, nesta pesquisa, de igual para igual com os
referenciais teóricos gerados pelo pensamento indígena sobre a questão. Também serão utilizadas como
materiais referenciais autores como Mircea Eliade, Darci Ribeiro, Roberto Gambini, Ailton Krenak,
Daniel Munduruku, Kaká Werá Jacupé e Davi Kopenawa. Outros autores poderão igualmente ser
utilizados ao longo deste trabalho. Metodologicamente, a pesquisa empregará o método exploratório,
com levantamentos bibliográficos e documentais. Será qualitativa, pois visa identificar e analisar dados
não mensuráveis numericamente. Está dividida em três capítulos: o primeiro trata sobre a crítica de
Jung à unilateralidade da razão e a valorização da mitologia pela Psicologia Analítica; o segundo
capítulo aborda sobre os conhecimentos indígenas estarem na sombra coletiva até os dias atuais; e, no
terceiro capítulo, são apresentado três mitos, onde a ampliação simbólica opera-se na parte empírica
como instrumento da análise de conteúdo e a hermenêutica livre estará especialmente atenta ao diálogo
com os símbolos neles contida.