BIBLIOTECA IJEP - PSICOLOGIA JUNGUIANA NA CONTEMPORANEIDADE: OS ALGORITMOS SÃO OS NOVOS DEUSES?
Informações
GUILHERME FOWLER DE AVILA MONTEIRO
Data publicação
28/08/2021
Hastags #algoritmo #deuses #inconsciente #projeção
Resumo
Este trabalho discute em que medida os algoritmos se relacionam com a subjetividade
humana, ocupando as funções outrora reservadas aos deuses. Especificamente, analisa-se, em
profundidade, um determinado livro para, a partir dele, tecer-se uma crítica de inspiração
junguiana. O livro em questão é Homo Deus, de Yuval Noah Harari, professor de história na
Hebrew University. Tal opção metodológica se baseia na convicção de que o historiador
israelense produziu um conjunto argumentativo não só forte e interessante (ainda que sujeito a
críticas), mas também com enorme repercussão mundial. A análise é desenvolvida em três
partes. Primeiro, discorre-se sobre os principais elementos da teoria junguiana que formam o
pano de fundo desta investigação. Incluem-se aí o entendimento de Jung sobre a constituição
psíquica, o papel da consciência e do inconsciente, e sobretudo a função dos deuses.
Sequencialmente, examina-se a ascensão dos algoritmos à condição de entidades
independentes. Lançando mão de uma reconstituição histórica, disserta-se sobre o surgimento
deste conceito e, principalmente, como o entendimento corrente tende a desqualificar a noção
de consciente e inconsciente. Por fim, na terceira parte, desenvolve-se uma crítica de caráter
junguiano à tese levantada por Harari. Tal crítica baseia-se na constatação de que o algoritmo
não exclui o inconsciente. Ele o incorpora na medida em que todo algoritmo traz em si uma
manifestação arquetípica. O ponto central é perceber que as imagens arcaicas e inconscientes
(arquétipos) tendem a ser projetadas sobre os algoritmos, ao mesmo tempo em que se conectam
às reações bioquímicas do corpo.